18.8.05

dá-me tua essência

É que podiamos enganar o peito nosso que arde por medo e que nos faz chorar dessa forma tão por dentro. Não somos pela metade como os que nos querem pelas costas, nem parecidos com a vida tilintante que se assemelha ao ódio de cada desejo não consumado desses tais outros que tu tens, por obrigação, que engolir como gema de ovo podre. Podíamos também sorrir ao léu e brincar de viver assim tão fácil. Mas a delícia que se chama essência [palavra mais linda e abrangente que já ouvi: essência] tem o dom de nos fazer humanos e dessa forma sentimos o mundo passando por entranhas, veias, tranformando-se em nosso próprio sangue diário, aquele sangue que nos chama para a lucidez. Essa que nos regula o olhar, nos regula toda a tenacidade e que vive a nos ensinar coisas sem nenhum sentido material. Essa mesma que é o travessão e o ponto final de nossa fala. E essa é a coisa mais nossa que vejo passar por entre meus dedos e meu peito quando durmo e quando acordo sem te dizer da minha felicidade. Tal felicidade que mora junto de todos os meus sonhos lúdicos, sonhos maiores que minha própria sorte de ser mulher. Amo-te, é o que quero contar. Te fiz dentro de mim a vida toda, tu sabes. Meu segredo? É te amar para sempre. Meu desejo? É viver de liberdade. Minha morte? É não poder te ouvir sorrindo.

17.8.05

inocência

... e de repente fez-se um vento tão forte que ela não sabia onde colocar os pés. segurou-se nas mãos fortes e tímidas de um amor perfeito. conheceu, ali naquela ventania, o ritmo da vida e seguiu de braços dados com sua magia. trocaram versos calados enquanto a vida acontecia plena e intensa [lá fora]. calaram-se ocas para dar ao exato momento o silêncio bem vindo e se amaram tão fortemente que aquele dia já não cabia mais em suas datas. e foi quando juraram amor, amizade, sinceridade, paz, união e lágrimas. talvez hoje elas tenham amadurecido demais para a pequena idade ou talvez agora sejam meninas-mulheres felizes, cheias de horas, mimos e planos... mas nada há de endurecer algo que escorre entre os lábios, nada há de censurar um amor assim, suave e sublime... e a poesia que antes era presa na noite e sozinha hoje resvala-se colorida e verdadeiramente sagaz...

12.8.05

sendo

nada me corrompe... a não ser seus lábios, o momento, o toque, cada amor, cada fogo, cada ardor, as fissuras, os sussurros, o cheiro de deus (nag champa) e de gente, sabe aquela tua pegada?, a música, o eterno, os suores, as peles, as pernas, os gritos, o silêncio.

3.8.05

para um artista

a arte está contida na alma daqueles que a condensam, que a transformam, que a elucidam e tornam-na real aos olhos alheios.

e a felicidade é um quase-tudo, que por frações de tempo ela quase-existe.
é questão de saber amarrá-la aos cadarços de nossas andanças na hora em que ela quase-nasce.