14.7.05

invenção

hoje eu tocarei para você aquela nossa lira, farei do nosso tempo um soar cativo e enrijecido de formas e cores. Talvez não atue como esperado, como eu espero fazer. Terei a chance de rimar meus sonhos com a fantasia que me apavora. Aqui embaixo mora uma vergonha serena e imatura, mas por meus sonhos faço volúpia dos pensamentos castos e mitificados. Ponha aquela música, desfaça sua gravata, abra seus botões, todos eles e me espere. Já venho, só mais um momento e já estarei aqui. Agora pode abrir os olhos, sinto tanta vergonha de você que pareço amadora. Não me toque, me olhe, dance comigo. Quer ver? Chegue mais perto, devagar, a canção é longa meu amor. Você está tão linda hoje, já te disse? Disse que te amo? Hoje a canção será eterna. Meus pensamentos estão vagos, murmurados, pequenos para a tal liberdade, você os ouve? Recorro agora ao sumo de luz que escoa por seus lábios. Te sinto, agora eu te sinto voar. Seus olhos brilham tanto, o que vê? Me explica o que sente? Meu desejo te segue, sinto saudades, mas não me toque, apenas olhe e me invente.