12.7.05

atemporal

Sou atemporal por aquisição temporária e sou de ninguém, pois sou dela. Tenho as asas flutuantes que me trazem cá pra dentro num branco sóbrio do mais misterioso vermelho.

- Vamos andar por 'essas ruas' como há muito não fazemos?
- não quero, já não sei mais quem ser além desses semblantes.
- Mas eu te enredo, te traduzo as pessoas. Vem, dê-me tua mão!
- não vou não, tenho medo desses olhos, eles me ardem.
- Eu te carrego sob meu acalento, te sorrio, te brinco, vamos?
- não sei, um dia desses me vi por 'essas ruas' e me transmutei.

E a transmutação me cegou.

Traduzir semblantes é como água para óleo, vento para pedra, eu para todo mundo. É impossível. É desejo atordoado de ter em mãos o significado da vida. É acordar sem o amanhecer. É anoitecer sem marolas e nem ventos. Deixar o barco seguir sem remo, sem mãos, sem nada.

Há algo desconexo em tudo isso. Mas qual é o problema?




vega becker