25.7.05

re-impressão

... daquele silêncio inócuo segui insana rumo à minha casta harmonia de viver e diante de meu segredo vi-me nua e escandalosa. Gritei sem nenhum pragmatismo – "Eu Amo e sou minha" – rindo desvairadamente da vida.

Libertei-me de um engodo desarmado de razão. Divaguei internamente sobre dar-se a uma separação de corpos, de mentes, de qualquer sentido que seja.

Assim sendo fui derrotando cada medo que pairava entre a intenção e a leviandade do desejo mais puro, residente na alma.

Meditei entre todos os ventos que me opunham e espaços em branco que me anulavam como matéria.

Fluí feito ventania.

E cá estou... serena e

E T É R E A


vega becker

22.7.05

achei


essa asa vermelha caída no chão.

19.7.05

impressão

- Por falar nisso, digo agora entre aspas que amo loucamente; aquele vago que agora preenche; sem pressa e distanciada, eu amo loucamente, você entende? Traduz? – regurgitou num soluço. E eu pensei, interrompida e discreta: - "Quisera ser eu" - e ela continuou, como se desse vírgula a um devaneio qualquer, enquanto eu apenas pensava "quisera ser eu"...

- Não quero ater-me no que me ocorre por ter tanta lástima a contar-lhe. Demoraria demais e não temos tempo, pois o trem já aponta lá adiante. Tenho tantas malas e uma mochila enorme nas costas, preciso descarregar-me com urgência. O café que Dona Santa prepara na pensão me provocou uma úlcera, nem te conto, mas tenho saudade, posso até sentir o cheiro ácido. A estrada é tão linda, combina com "As Meninas" que leio sem ar, Lygia F T não me deixa respirar, palpito intensidades com suas miríades e minúcias. Ando tão vaga que já me esqueci que estava te dizendo, o que era mesmo? – perguntou num tom de resmungo perdida no meio de tantas malas e assuntos. Eu, empregnada pela partida, respondi: - "Tu falavas...". Nem me notou e como se fosse tragada por uma onda entrou no trem sem olhar para trás.

-"Tu falavas de amor!" - resumi por dentro.

E o trem partiu sem demora, deixando o rastro de história e fervura de uma Rosa, que revolveu um coração tal como o cheiro do café ácido de Dona Santa que imaginei. Algo restou aqui em meus sentidos e em minha pele uma tatuagem que disse "quisera ser eu" me levará adiante como um breve beijo que não recebi e que vagará por meus desejos.

Sem combinar muito com a saudade, atropelada pela impressão que tal flor me deixou, eu gritei: - Adeus, adeus minha Rosa" - e num tom de murmúrio soltei um "Eu te amo" e sorri timidamente de susto ao descobrir o meu segredo.




vega becker

15.7.05

palavras ao vento


(Foto-Poema: Concepção, animação e fotos de Alexander Moschkowich - © 2001- 2002)
Imagem Zero


...
porque eu achei simples.mente lindo esse trabalho.

14.7.05

invenção

hoje eu tocarei para você aquela nossa lira, farei do nosso tempo um soar cativo e enrijecido de formas e cores. Talvez não atue como esperado, como eu espero fazer. Terei a chance de rimar meus sonhos com a fantasia que me apavora. Aqui embaixo mora uma vergonha serena e imatura, mas por meus sonhos faço volúpia dos pensamentos castos e mitificados. Ponha aquela música, desfaça sua gravata, abra seus botões, todos eles e me espere. Já venho, só mais um momento e já estarei aqui. Agora pode abrir os olhos, sinto tanta vergonha de você que pareço amadora. Não me toque, me olhe, dance comigo. Quer ver? Chegue mais perto, devagar, a canção é longa meu amor. Você está tão linda hoje, já te disse? Disse que te amo? Hoje a canção será eterna. Meus pensamentos estão vagos, murmurados, pequenos para a tal liberdade, você os ouve? Recorro agora ao sumo de luz que escoa por seus lábios. Te sinto, agora eu te sinto voar. Seus olhos brilham tanto, o que vê? Me explica o que sente? Meu desejo te segue, sinto saudades, mas não me toque, apenas olhe e me invente.


sex (i)

My name is Dita.
I'll be your mistress tonight.
I'll be your loved one darling.
Turn out the light.
I'll be your sorceress,
your hearts magician.
I'm not a witch.
I'm a love technician.
I'll be your guiding light
in your darkest hour.
I'm gonna change your life.
I'm like a poison flower.
Give it up.
Do as I say.
Give it up and let me have my way.
I'll give you love.
I'll hit you like a truck.
I'll give you love......

I'LL
TEACH
YOU
HOW
TO
FUCK.








(trecho do livro Sex de Madonna, que eu tanto amo)

12.7.05

atemporal

Sou atemporal por aquisição temporária e sou de ninguém, pois sou dela. Tenho as asas flutuantes que me trazem cá pra dentro num branco sóbrio do mais misterioso vermelho.

- Vamos andar por 'essas ruas' como há muito não fazemos?
- não quero, já não sei mais quem ser além desses semblantes.
- Mas eu te enredo, te traduzo as pessoas. Vem, dê-me tua mão!
- não vou não, tenho medo desses olhos, eles me ardem.
- Eu te carrego sob meu acalento, te sorrio, te brinco, vamos?
- não sei, um dia desses me vi por 'essas ruas' e me transmutei.

E a transmutação me cegou.

Traduzir semblantes é como água para óleo, vento para pedra, eu para todo mundo. É impossível. É desejo atordoado de ter em mãos o significado da vida. É acordar sem o amanhecer. É anoitecer sem marolas e nem ventos. Deixar o barco seguir sem remo, sem mãos, sem nada.

Há algo desconexo em tudo isso. Mas qual é o problema?




vega becker

11.7.05

borbolete-me

foi um sortimento. Algo me prendeu em nada mais do que tais quatro letras: - vida!
Que seguem meus passos, que fazem aqui? Nada direi senão meios-dizeres maltratados, fiz-me muda assim, fiz-me cega temperada, fiz-me oca. Quem és moça que me enevoa a mente? Quem? Nunca pude responder senão dizer aos incautos que sou menina-moça, que sou verdade, que dôo, que bebo até raiar o dia, sou tão feliz por fora que ninguém me acalenta por medo de tratar da felicidade assim, por fora. Sou mulher por dentro, temperamental como a própria maçã e seus incógnitos significados. Trabalho tanto e tenho tanto a dizer que já nem me lembro mais. Disseram-me que fui brasa e que queimei, que ardi. Dei-lhes resposta avarenta, como o fogo que apagou faz meia hora, hora e meia. É simples, senti saudade – disse.
Quero a vida que acontece. Ontem me vi em mulheres bonitas, em lesbian-chics(esse termo existe ainda? ai acho careta(careta?) demais, bom...), em hollywood, em L.A., num ‘L Word’ de mentirinha, mas que engana bonitamente meus olhos e olhos de minha gueixa – deixa ela ver-se gueixa aqui, deixa só agora, hum? Ah, tão linda ela ontem ao meu lado, dizendo coisas suaves, apertando bem forte meu sentimento, tão lindo a saudade de hoje cedo, acordar em meio ao ego que nos deu a liberdade de soarmos escandalosamente nosso gozo no sofá de domingo.

E eu queria tanto ler "Assim Falou Sarah Shuster" ( - ! - ).

quero dizer coisas sem sentido...


borbolete-me como eu te borboleto, borboleeeeta!