30.12.04

vermelho sangue

é que queríamos ser gênios, ser aventura e tédio, fogo e água, ira e calma, canção e significados. Trocamos nosso sangue em sinal de devoção pelo sim, pelo riso e pela verdade. Num momento dedicado à música descobri que um juramento é capaz de movimentar olhares e montanhas de intenções, boas e más. Um juramento é para sempre, até que possam provar-nos a efemeridade da fé. Um segredo inscrito por TL dorme calmamente em meio ao tempo, e viverá até a próxima estação desta nossa infinita viagem.

ao amor
à paz
à verdade
à continuidade da vida...

29.12.04

(...)

Houve um tempo em que eu fazia pedidos e carregava patuás.
Hoje eu só quero a paz.

Feliz 2005!

16.12.04

na adolescência

ela pediu para que tocasse ali, suavemente, adolescentemente, curiosamente, pediu para que tocasse ali. Seus corpos pueris, quase que consagrados em uma sincronia, sangravam de desejo; suas bocas úmidas tragavam o cheiro de vida, de acontecimento, numa respiração ofegante, quase que finda. Era a primeira vez em que se olhavam nuas e, vestidas de uma vergonha insuportável, sorriram fácil. De um jeito ameno e olhos quase fechados conduziram seus medos para fora daquela terrível plenitude e se tocaram. Fecharam os olhos e finalmente sugaram os sonhos, ali se entregaram, ali, numa comunicação tátil, se entregaram ao silêncio, se amaram.

E houve naquele singelo toque, entre um espaço e outro, um vácuo silencioso e ao passar dos ponteiros ouvia-se apenas o som vibrante de uma brisa que acompanhava cada ato daquela casta e forte cena de descoberta e liberdade de sentidos.

13.12.04

assopra aqui

hoje eu to meio implicante

Talvez tenha esquecido minha linguagem ali naquela esquina onde tropecei os modos, no armazém do medo, no vai-e-vem das vontades. E não adianta perder tempo em recuperar o passado, aceito o destino sem dizer nada. Não minto porque senão não me recupero e não me livro dos pesos, fico presa num nó, engodo na garganta.

Quem dera se não mudasse, mas sempre acontece.
Eu queria agora aquela felicidade quase rouca, quase sem voz, quase suave... quase consegui.

Sempre lenta. Não tão devagar, sou meio de qualquer jeito, bagagem posta na escuridão, ao vento. Sou assim e respeito, não sou de destino e nem de meia hora, sou de prosa e tenho peito.

hoje eu levantei com sono.
assopra aqui, assopra?


+++plus+++
Eu gosto do seu corpo
Eu gosto do que ele faz
Eu gosto de como ele faz
Eu gosto de sentir a forma do seu corpo dos seus ossos
E de sentir o tremor firme e doce de quando eu lhe beijo
E volto a beijar, e volto a beijar, e volto a beijar...


(E.E. Cummings)

Todo sentimento precisa de um passado para existir
O amor não, ele cria como por encanto um passado que nos cerca
Ele nos dá consciência de havermos vivido anos à fio com alguém que há pouco era quase um estranho
Ele supre a falta de lembrança por uma espécie de... mágica


(Benjamin Constant)

recitados por ana carolina no dvd estampado.
++minus++

9.12.04

des-figura-da

ontem fui ao meu leito. Servi-me de pão e brasa para acalmar as fagulhas soltas pelo meu verbo. Triste e com virtudes inatas tentei botar em panos e em vasos toda a terra que me cobriu e inalterada sonhei com anjos. Do alto cuspiam lágrimas e eu cá tratava as feridas que eu mesma fiz. Ando me cortando ao meio, sabe.

8.12.04

aos pais

e não há motivos para que não possamos ser na exatidão o que realmente somos e, em essência, o que queremos ser.

Precisamos dar aulas aos pais, aos avós. Ensiná-los qual é o motivo para a vida: nenhum, além da nata evolução.

Aprendi na escola e na vida mesmo que devemos seguir com nossos objetivos, desde que sejam reais e que não acarretem prejuízo à outros. Aprendi em casa, na mesa de jantar com a família reunida, o quão difícil é a vida lá fora; que a noite poderia nos engolir fácil fácil, que os dias são corridos, cheios de surpresas e obstáculos e que num passe de mágica tudo pode acabar. Aprendi com meus amigos a enfrentar os outros e com minhas mãos a enfrentar o resto do mundo. Comigo mesma aprendi a ser livre e a lutar por isso todos os dias.

Queria dizer a todas as mães e pais corujas para que olhem para si e se auto analisem, porque teu filho ou filha agora têm vida própria e assim como vocês desejam a felicidade, desejam o próprio desejo e pedem pela liberdade. Eles não precisam (e vocês sabem disso) da frustração. Necessitam de experiências, precisam cair, se machucar, levantar e seguir em frente. Amar sem vergonha do que o desejo pede, sem ter vergonha de satisfazer uma curiosidade e, ao se apaixonarem por alguém do mesmo sexo (pois é, isso pode acontecer), consigam reverter o preconceito do mundo, mas apenas do mundo, porque precisam saber que ao olharem para trás encontrarão a mãe e pai corujas de mãos estendidas, sorriso largo e mente aberta para a vida que acontece. Teus filhos têm que aprender, dentro de casa, ao lado de vocês, que amar é simplesmente abrir-se ao outro, sem julgamentos e preconceitos, amar é questão de identificação e que na vida, quem não luta pelo que realmente quer, jamais será um grande homem ou uma grande mulher.

Não importa em que conceitos vocês foram formados,
o que importa é que tudo muda,
todos evoluem, para que da mesma forma que vocês
são (ou não) felizes e realizados hoje,
eles possam ser (também) amanhã.

grama verde

era uma grama tão suave e verde que teve medo. Sentou sobre os pés pensando, calculando cada hora gasta pelo suor de um pensamento sem qualquer domínio. Lembrou das mãos geladas de ambas, do sorriso frenético e vadio. Conteve-se a apenas sentir a brisa, as copas e cada flor amarela-vermelha que cantavam ao seu redor. Abriu, como se abrisse um livro, seus sonhos amanhecidos e sentiu a presença súbita de um desejo. Deteve a angústia do tempo passado, de cada toque, de cada fagulha de todo aquele incêndio que as manteve vastas naquela cama, ontem à noite. Sentiu que algo havia mudado para sempre e esperava aflita pelos próximos dias de mudança e amadurecimento. Sorriu, porque queria muito o reconhecimento que veio num objeto. Algo que só ela poderia saber o significado. A grama verde, sua confidente, deslizava úmida sobre sua pele trazendo para o ar o cheiro de terra doce e orvalhada.

7.12.04

saliva

carrego até a última hora a sensação do suspiro de alívio e calma. trago em meu berço de hoje, a noite findada em silêncio e gritos, sorrisos, não mágoas, por tua saliva. E que olhar é esse que me abduz de amor? então.
mais tarde volto.

3.12.04

das coisas que aprendi nos discos

assim que nossas almas se encontrarem além daqui, porque sei que nada me faria dizer vida sem tê-la de mãos dadas, serei suma, resumida em cada letra que pronunciada como mantra nos traz a calma; serei marilyn, abusada, ovacionada pela moral; ah serei amoral, do jeito que nos enrijece os músculos entre as pernas. baby, assim como bela e solta, serei vasta para que meus olhos, mesmo serrados, possam te dar o mais ofuscante brilho de amor. e esse medo, onde colocamos? onde é que esquecemos a coragem? onde foi que tu puseste o vosso orgulho? onde? não quero lhe falar meu grande amor, das coisas que aprendi nos discos, quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo, viver é melhor que sonhar...
baby, tu es aqui em minha pele a história contada como verso de ninar à criança mais doce, mais livre, mais malu daqueles nossos sonhos férteis. ah doce tânia, medrosa tânia, minha tânia, eu te amo assim como quero viver. e sabe, estou já com saudade do teu sorriso e olhar de medo; saudade de dizer: 'olhe para mim, preste atenção, eu te quero e sou tua, eterna luana, desde então'.

2.12.04

olho nu

Descobri um alicerce na queda daquela cachoeira que me envolvia entre cada pingo e me desnudava, me limpava, me aquecia os nervos e gelava a incompreensão.

1.12.04

parede

e aquele joguinho me divertiu até que meus olhos brilhassem no súbito. e a cegueira de sentido acatou o verbo novamente: gozar. gozou e dançou, rebolou, deteve-se longelínea e posta ao gelo de concreto, sorriu, meneou palavras grossas, meladas, tendenciosas. uma pele cínica e doce. um lábio vermelho e fácil. num jeito suave e sem jeito. voou como sonho de criança. pediu-me para sair e remediada atendi aos sussurros. e indo, ouvi de longe: 'volte, volte que tu es aqui minha eterna exclamação do ego. querida, volte'.


[minimalista, porém não me agradam palavras simples.]

just a point

um trago de consciência, uma absorção, um devaneio patético, mais um rosto, para olhos, pelos medos, na vida que segue, ao dia-a-dia, em tentação, pelo sexo, pelo gozo, d'ela, apenas palavras... e eu aqui não me faço entender. apenas me observe e não me julgue. unravel me, baby.
This is my new blogchalk:Brazil, SP, São Paulo, Portuguese, English, Luana, Female, 26-30.