18.8.05
17.8.05
inocência
... e de repente fez-se um vento tão forte que ela não sabia onde colocar os pés. segurou-se nas mãos fortes e tímidas de um amor perfeito. conheceu, ali naquela ventania, o ritmo da vida e seguiu de braços dados com sua magia. trocaram versos calados enquanto a vida acontecia plena e intensa [lá fora]. calaram-se ocas para dar ao exato momento o silêncio bem vindo e se amaram tão fortemente que aquele dia já não cabia mais em suas datas. e foi quando juraram amor, amizade, sinceridade, paz, união e lágrimas. talvez hoje elas tenham amadurecido demais para a pequena idade ou talvez agora sejam meninas-mulheres felizes, cheias de horas, mimos e planos... mas nada há de endurecer algo que escorre entre os lábios, nada há de censurar um amor assim, suave e sublime... e a poesia que antes era presa na noite e sozinha hoje resvala-se colorida e verdadeiramente sagaz...
12.8.05
sendo
3.8.05
para um artista
a arte está contida na alma daqueles que a condensam, que a transformam, que a elucidam e tornam-na real aos olhos alheios.
e a felicidade é um quase-tudo, que por frações de tempo ela quase-existe.
é questão de saber amarrá-la aos cadarços de nossas andanças na hora em que ela quase-nasce.
25.7.05
re-impressão
... daquele silêncio inócuo segui insana rumo à minha casta harmonia de viver e diante de meu segredo vi-me nua e escandalosa. Gritei sem nenhum pragmatismo – "Eu Amo e sou minha" – rindo desvairadamente da vida.
Libertei-me de um engodo desarmado de razão. Divaguei internamente sobre dar-se a uma separação de corpos, de mentes, de qualquer sentido que seja.
Assim sendo fui derrotando cada medo que pairava entre a intenção e a leviandade do desejo mais puro, residente na alma.
Meditei entre todos os ventos que me opunham e espaços em branco que me anulavam como matéria.
Fluí feito ventania.
E cá estou... serena e
E T É R E A
vega becker
22.7.05
19.7.05
impressão
- Por falar nisso, digo agora entre aspas que amo loucamente; aquele vago que agora preenche; sem pressa e distanciada, eu amo loucamente, você entende? Traduz? – regurgitou num soluço. E eu pensei, interrompida e discreta: - "Quisera ser eu" - e ela continuou, como se desse vírgula a um devaneio qualquer, enquanto eu apenas pensava "quisera ser eu"...
- Não quero ater-me no que me ocorre por ter tanta lástima a contar-lhe. Demoraria demais e não temos tempo, pois o trem já aponta lá adiante. Tenho tantas malas e uma mochila enorme nas costas, preciso descarregar-me com urgência. O café que Dona Santa prepara na pensão me provocou uma úlcera, nem te conto, mas tenho saudade, posso até sentir o cheiro ácido. A estrada é tão linda, combina com "As Meninas" que leio sem ar, Lygia F T não me deixa respirar, palpito intensidades com suas miríades e minúcias. Ando tão vaga que já me esqueci que estava te dizendo, o que era mesmo? – perguntou num tom de resmungo perdida no meio de tantas malas e assuntos. Eu, empregnada pela partida, respondi: - "Tu falavas...". Nem me notou e como se fosse tragada por uma onda entrou no trem sem olhar para trás.
-"Tu falavas de amor!" - resumi por dentro.
E o trem partiu sem demora, deixando o rastro de história e fervura de uma Rosa, que revolveu um coração tal como o cheiro do café ácido de Dona Santa que imaginei. Algo restou aqui em meus sentidos e em minha pele uma tatuagem que disse "quisera ser eu" me levará adiante como um breve beijo que não recebi e que vagará por meus desejos.
Sem combinar muito com a saudade, atropelada pela impressão que tal flor me deixou, eu gritei: - Adeus, adeus minha Rosa" - e num tom de murmúrio soltei um "Eu te amo" e sorri timidamente de susto ao descobrir o meu segredo.
vega becker
15.7.05
palavras ao vento
(Foto-Poema: Concepção, animação e fotos de Alexander Moschkowich - © 2001- 2002)
Imagem Zero
...
porque eu achei simples.mente lindo esse trabalho.
14.7.05
invenção
hoje eu tocarei para você aquela nossa lira, farei do nosso tempo um soar cativo e enrijecido de formas e cores. Talvez não atue como esperado, como eu espero fazer. Terei a chance de rimar meus sonhos com a fantasia que me apavora. Aqui embaixo mora uma vergonha serena e imatura, mas por meus sonhos faço volúpia dos pensamentos castos e mitificados. Ponha aquela música, desfaça sua gravata, abra seus botões, todos eles e me espere. Já venho, só mais um momento e já estarei aqui. Agora pode abrir os olhos, sinto tanta vergonha de você que pareço amadora. Não me toque, me olhe, dance comigo. Quer ver? Chegue mais perto, devagar, a canção é longa meu amor. Você está tão linda hoje, já te disse? Disse que te amo? Hoje a canção será eterna. Meus pensamentos estão vagos, murmurados, pequenos para a tal liberdade, você os ouve? Recorro agora ao sumo de luz que escoa por seus lábios. Te sinto, agora eu te sinto voar. Seus olhos brilham tanto, o que vê? Me explica o que sente? Meu desejo te segue, sinto saudades, mas não me toque, apenas olhe e me invente.
sex (i)
I'll be your mistress tonight.
I'll be your loved one darling.
Turn out the light.
I'll be your sorceress,
your hearts magician.
I'm not a witch.
I'm a love technician.
I'll be your guiding light
in your darkest hour.
I'm gonna change your life.
I'm like a poison flower.
Give it up.
Do as I say.
Give it up and let me have my way.
I'll give you love.
I'll hit you like a truck.
I'll give you love......
I'LL
TEACH
YOU
HOW
TO
FUCK.
(trecho do livro Sex de Madonna, que eu tanto amo)
12.7.05
atemporal
Sou atemporal por aquisição temporária e sou de ninguém, pois sou dela. Tenho as asas flutuantes que me trazem cá pra dentro num branco sóbrio do mais misterioso vermelho.
- Vamos andar por 'essas ruas' como há muito não fazemos?
- não quero, já não sei mais quem ser além desses semblantes.
- Mas eu te enredo, te traduzo as pessoas. Vem, dê-me tua mão!
- não vou não, tenho medo desses olhos, eles me ardem.
- Eu te carrego sob meu acalento, te sorrio, te brinco, vamos?
- não sei, um dia desses me vi por 'essas ruas' e me transmutei.
E a transmutação me cegou.
Traduzir semblantes é como água para óleo, vento para pedra, eu para todo mundo. É impossível. É desejo atordoado de ter em mãos o significado da vida. É acordar sem o amanhecer. É anoitecer sem marolas e nem ventos. Deixar o barco seguir sem remo, sem mãos, sem nada.
Há algo desconexo em tudo isso. Mas qual é o problema?
vega becker