16.12.04

na adolescência

ela pediu para que tocasse ali, suavemente, adolescentemente, curiosamente, pediu para que tocasse ali. Seus corpos pueris, quase que consagrados em uma sincronia, sangravam de desejo; suas bocas úmidas tragavam o cheiro de vida, de acontecimento, numa respiração ofegante, quase que finda. Era a primeira vez em que se olhavam nuas e, vestidas de uma vergonha insuportável, sorriram fácil. De um jeito ameno e olhos quase fechados conduziram seus medos para fora daquela terrível plenitude e se tocaram. Fecharam os olhos e finalmente sugaram os sonhos, ali se entregaram, ali, numa comunicação tátil, se entregaram ao silêncio, se amaram.

E houve naquele singelo toque, entre um espaço e outro, um vácuo silencioso e ao passar dos ponteiros ouvia-se apenas o som vibrante de uma brisa que acompanhava cada ato daquela casta e forte cena de descoberta e liberdade de sentidos.